No dia 5 de novembro de 1849, nascia
em Salvador, Bahia, um gênio brasileiro, Rui Barbosa. Filho de João Barbosa de
Oliveira e Maria Adélia, Rui foi um menino que cresceu cercado por um imenso
ambiente político, já que seu pai almejava cargos públicos e modificar o
sistema precário de governo daquela época. Não é surpresa que o filho de João
Barbosa também se encaminhasse para a carreira pública e de preocupação para
com o seu povo. Iniciou seus estudos já mostrando sua imensurável inteligência.
Um professor seu, publica nos jornais da época um anúncio que ainda hoje causa
grande espanto em que o lê; Diz que é o seu melhor aluno em 30 anos de
magistério: o menino aprende a ler e conjugar verbos corretamente em apenas 15
dias! Rui manteve-se nos estudos com grande afinco, lia literatura, clássicos
portugueses e se envolvia também seu espírito nas teorias liberais da Europa.
Desde já crescera no seu peito um espirito combativo, de convicções, adquirido
num mundo inteiramente dedicado ao estudo, aos livros.
Em 1865 forma-se no Ginásio Baiano do
Dr. Abílio Borges e faz um discurso de grande sucesso. Seu pai quase não se
contem diante de tanta felicidade, e pergunta a seu amigo e diretor da escola
Dr. Abílio, se tinha ajudado Rui a
escrever um discurso como aquele, e é surpreendido com a resposta: “Mas eu ia
lhe perguntar a mesma coisa!”. Rui era colega nada mais nada menos do que Castro
Alves o grande poeta dos escravos. Entretanto com certa razão posso afirmar que
os dois não se davam muito bem. Um eclipsara o brilho do outro, é como muitos
dizem: é raro dois gênios serem amigos íntimos. Como ainda não tinha idade para
entrar numa faculdade, enquanto esperava passou um ano inteiro estudando
alemão. No ano seguinte seguiu para recife.
Daí pra frente a carreira de Rui
Barbosa quase sempre foi sucesso, escolhera a carreira de advogado e concluiu
seu curso de direito em 28 de outubro de 1870. Sua mãe já havia morrido em 1866
e seu pai um pouco depois em 1874. Fica noivo e casa-se com Maria Augusta Viana
de Bandeira em 1876. Neste mesmo ano Casa-se Brites sua irmã, ele Traduz e
prefacia um livro chamado “O Papa e o Concílio” que é publicado no ano
seguinte. Em 1878 ainda na Bahia, é eleito deputado provincial pelo partido
liberal e no ano seguinte é eleito deputado geral e parte para o Rio de
janeiro. Ainda em 1879 sua irmã Brites morre. Sua carreira é bem sucedida entre
altos e baixo, entre a advocacia e o mundo político. Em 1893 durante a revolta armada vê-se
obrigado a exilar-se em Buenos Aires e depois em Londres, e em 1895 volta para
o Brasil e é eleito para o senado. Em 1907 na Segunda Conferencia da Paz em
Haia sua atuação é destacadíssima, é chamado de “Águia de Haia”. Em 1920
debilitado por doença escreve a famosa “Oração aos Moços” em decorrência de ter
sido escolhido paraninfo dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São
Paulo, que não pode ir. Em 1º de março de 1923 morre Rui Barbosa,
seu corpo é embalsamado e trazido para o Rio de Janeiro. Seu enterro se dá no
dia 3 de março.
Rui Barbosa foi um brasileiro de
caráter exemplar. Lendo obras sobre ele e obras dele, observei que se empenhava
ao máximo para aquilo que estava produzindo. Desde menino seu talento era
incrivelmente notado. Sua história ficou pra ser seguida. Não há como não notar
um talento jurídico, político, humano e etc. brilhantemente superior. Não é
atoa que o nome de Rui ainda hoje é pronunciado no Supremo Tribunal Federal.
Sua vida foi marcada pelo estudo constante. Era um Leitor voraz, sua rotina
diária era dividia entre seu trabalho, seu estudo, e o cuidado de suas roseiras
a quem tanto apreciava. Vivia comprando livros, encomendando obras novíssimas
da europa, insignou novos pensamentos democráticos, lutou pela liberdade dos
escravos, defendeu homens de um poder autoritário, entre vários fatos notáveis
na vida do grande gênio brasileiro. A sua participação para a democratização no
país foi de grande importância para o nosso povo.
Críticas a Rui Barbosa:
Não posso
deixar de afirmar que sou um admirador da obra desse brilhante baiano em toda a
sua conjuntura. Contudo não poderia me eximir do dever de relatar algumas
criticas que foram feitas ao mestre. Em um discurso do grande baiano ele
critica o homem caipira (o camponês) de ser a causa do atraso do nosso país.
Vemos que o ser humano é falho, sobre isso não há a menor duvida. Nessa
considerada falha do orador, um poeta cearense, Catulo da Paixão, critica rui na forma de um poema
trajando-se de caipira. Vejamos nesse vídeo a integra da crítica a Rui:
Uma outra
crítica quase que desconhecida por muitos, é antagonista em relação pelo que
Rui é conhecido hoje: Rui não era um orador para ser ouvido. Silveira Bueno, um
grande Filólogo, estudioso brasileiro fala com propriedade sobre a forma de Rui
discursar, pois segundo Silveira, ele mesmo assistiu presencialmente três apresentações de
Rui Barbosa: "Qual é a melhor voz para
um orador? É o barítono, que pode subir até o tenor e descer ao baixo
profundo. Rui Barbosa não tinha essa inflexão de voz. Quando ele
começava ler, porque nunca fez outra coisa senão ler, falava num tom uma
oitava acima do normal em que ele se expressava, e durante duas, três
horas martelava com aquela voz de tenorino batendo nos ouvidos da gente,
tan, tan, tan, tan, tan, sem nenhuma inflexão de voz, sem nenhum gesto,
nada, era de matar, era de morrer.
Se ele viesse para este curso,
seria reprovado. Rui Barbosa era um orador para ser lido, não escutado
ou ouvido. O que ele escrevia era uma maravilha, ninguém escreveu melhor
que Rui Barbosa, somente o Padre Vieira, que foi o professor dele, mas
para ouvi-lo era uma penitência" (Revelações curiosas sobre a oratória de Rui Barbosa, site de Reinaldo Polito http://polito.com.br/).
Causos sobre Rui Barbosa:
Diz que o Rui Barbosa, ao chegar em sua casa, ouviu um esquisito barulho vindo do seu quintal.
Chegando lá, constatou que havia um
ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente
do indivíduo, surpreendendo-o tentando pular o muro com seus amados
patos. Batendo nas costas do tal invasor, disse-lhe:
- Ô bucéfalo, não é pelo valor
intrínseco dos bípedes palmíferes e sim pelo ato vil e sorrateiro de
galgares as profanas de minha residência.
Se fazes isso por necessidade,
transito; mas se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão
digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua
sinagoga que reduzir-te-à à quinquagésima potência que o vulgo denomina
nada."
E então o ladrão disse:
- Ô Doutor, levo ou deixo os patos?
Outra História sobre Rui, diz que
ele não gostava de futebol e em 1916, Ruy Barbosa foi convidado para
participar das festas comemorativas do Centenário de Tucuman, na
Argentina. Quando foi embarcar no navio que levaria a ele e toda sua
família, reparou que também estava embarcando a delegação brasileira que
iria disputar o Campeonato Sul-americano de Futebol.
Ao que contam os historiadores, Ruy Barbosa foi tomado por um acesso de ódio e discursou:
- Não, absolutamente, não! Então
vocês pensam que vou consentir que vagabundos, malandros, desocupados,
“pateadores” de bola viajem no mesmo navio em que vou levando minha
esposa, meus filhos, meus genros, minhas noras, meus auxiliares, meus
serviçais? Não, absolutamente, não!”.
(Fontes:Rubens Ribeiro – pesquisador)
Frases e Pensamentos de Rui Barbosa:
- De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras
Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
- Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às
solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. (Rui
Barbosa – Coletânea Literária, 211).
- Eu não troco a justiça pela soberba.
Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela
tolerância. Eu não substituo a fé pela supertição, a realidade pelo ídolo. (Rui
Barbosa – O Partido Republicanos Conservador, 61).
- A esperança é o mais tenaz dos
sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe
convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos. (Rui Barbosa – A Ditadura de 1893,
IV-207).
-" Maior que a tristeza de não
haver vencido é a vergonha de não ter lutado ! " (Rui Barbosa)
- O homem, reconciliando-se com a fé,
que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si
mesmo. (Rui
Barbosa – A Grande Guerra, 12).
- O escritor curto em idéias e fatos
será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de
escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar
senão breves análises e chochas tolices. (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da
Verdade, 9).
- Em cada processo, com o escritor,
comparece a juízo a própria liberdade. (Rui Barbosa – A Imprensa, III, 111).
- Se os fracos não tem a força das
armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito,
entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não
lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão
internacional. (Rui
Barbosa – A Revogação da Neutralidade Brasileira, 33).
- A existência do elemento servil é a
maior das abominações. (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 28).
- Toda a capacidade dos nossos
estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja,
na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do
futuro. (Rui
Barbosa – Colunas de Fogo, 79).
- Na paz ou na guerra, portanto, nada
coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. (Rui Barbosa – Contra o militarismo, 1.° série, 131)..
- O espírito da fidelidade e da honra
vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde
a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança
assentaram o seu reservatório sagrado. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 226).
- Um povo cuja fé se petrificou, é um povo
cuja liberdade se perdeu. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 263).
- A soberania da força não pode ter
limites senão na força. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 377).
- O exército não é um órgão da
soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa
nacional. (Rui
Barbosa – Ditadura e República, 138).
- Nenhum povo que se governe, toleraria
a substituição da soberania nacional pela soberania da espada. (Rui Barbosa – Ditadura e República,
143).
- Embora acabe eu, a minha fé não
acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a
fé invencível. (Rui
Barbosa – Elogios e Orações, 161).
- Os que ousam ser leais à sua fé, são
cobertos até de ridículo. (Rui Barbosa – Novos Disc. E Conf., 194).
- A espada não é a ordem, mas a
opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a
anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a
bancarrota. (Rui
Barbosa – Novos Discursos e Conferências, 317).
- Outrora se amilhavam asnos, porcos e
galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se
amilham escritores. (Rui Barbosa e dever da Verdade, 23).
- A mesma natureza humana, propensa
sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os
ambiciosos.
(Rui Barbosa - D. e conferências, 382)
- A acusação é sempre um infortúnio
enquanto não verificada pela prova.
(Rui Barbosa - Novos discursos e
confissões, 112)
- Criaturas que nasceram para ser
devoradas, não aprendem a deixar-se devorar.
(Rui Barbosa - Elogios e orações, 262)
- Não há outro meio de atalhar o
arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.
(Rui Barbosa - Coletânea jurídica, 35)
- Sem o senso moral, a audácia é a alavanca
das grandes aventuras.
(Rui Barbosa - Colunas de Fogo, 65)
- Quanto maior o bem , maior o mal que
da sua inversão procede.
(Rui Barbosa - A Imprensa e o Dever Da
Verdade)
- É preciso ser forte e conseqüente no
bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
(Rui Barbosa - Ditadura e República,
45)
- Só o bem neste mundo é durável, e o
bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade
e do direito, da inteligência e do progresso.
(Rui Barbosa - O Partido Republicano
Conservador, 46)
- A eleição indireta tem por base o
pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
(Rui Barbosa - Discursos e
Conferências)
- No culto dos grandes homens não pode
entrar a adulação.
(Rui Barbosa - E. Eleitoral aos E. de
Bahia e Minas, 120)
- O ensino, como a justiça, como a
administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade,
com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe
consagrem.
(Rui Barbosa - Plataforma de 1910, 37).
(Frases e pensamentos retirados da edição do site:
Fotografias de Rui Barbosa:
(Rui Barbosa na Livraria Briguiet)
(A caminho da homenagem pela posso no IAB Rui com parentes e amigos deixa a casa da rua são clemente)
(Rui com autoridades da época)
(Rui na sua biblioteca)
Fontes Gerais: